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Breve Histórico do RS e seu contexto cultural em relação ao Brasil, e como se expressa a Festa Junina

A festa junina constitui-se como um importante evento cultural brasileiro, contudo é possível observar que em cada região essa festa adquire cores próprias. Cada região tem suas peculiaridades, no Amazonas tem boi-bumba, no centro oeste quadrilha e no Nordeste dura o mês inteiro com o forró. Isso tudo devido a formação étnica, cultural e geográfica de cada região. Por exemplo, no Rio Grande do Sul estas festividades tem três tipos de fogueiras: São João, São Pedro, Santo Antonio e os famosos ternos, dança de fita, provas de amor e de saltar sobre brasa.  Na alimentação teremos o pinhão cozido ou assado, o arroz -de- carreteiro, o charque e o chimarrão, só para contrapor, lá no Sudeste a comida na Festa Junina é cachorro-quente, pastel e pizza caseira, no Norte teremos a tapioca e Tacacá. O Rio Grande do Sul teve sua formação étnica e cultural diferenciada devido à vinda dos açorianos e com eles a pratica da Festa Junina e de danças típicas, costumes e culinária.

Influência Açoriana

Os açores são um conjunto de ilhas (arquipélago) que foi colonizado inicialmente por portugueses e posteriormente por franceses, ingleses, espanhóis (Galícia) e holandeses, devido a sua localização no atlântico. Da integração destes povos nasce a formação étnico-cultural dos açores. Os açorianos chegam no Rio Grande do Sul a partir de 1750, inicialmente com o intuito de povoar a região das Missões Jesuítica  mas, devido a Guerra Guaranítica, não se estabeleceram nesta região, acabando por se estabelecer na região onde hoje está a cidade de Porto Alegre. Durante o século XIX chegam os imigrantes alemães e italianos que também contribuíram para a cultura do Rio Grande do Sul, seja nos costumes ou na gastronomia trazendo pratos como cuca, chimia, batata e o quentão etc....

Não podemos esquecer dos indígenas que por aqui estavam, como senhores da terra, até a chegada dos europeus. Os grupos de autóctones eram os Kaingang e os Guaranis que também são diferentes dos indígenas de outras regiões do Brasil. Outro grupo são os negros que chegam no RS tardiamente, em grande numero, somente durante o final do século XVIII e durante o XIX. Todos estes grupos contribuem para a formação cultural do RS,  assim influenciando nas festividades entre elas a Festa Junina.

Festa Caipira ou Gaúcha?

Durante o período Getulista (1930 – 1945) e (1950 – 1954) a política era do nacionalismo, centralização administrativa e cultural. Neste momento as bandeiras dos Estados foram rasgadas e queimadas e os hinos Nacional e da Bandeira impostos como sendo os únicos a serem executados.

Neste contexto, a festa junina e outras expressões culturais também sofreram intervenção, para não haver regionalismos.

No final do século XX, os Estados da Federação passaram a reinvidicar suas peculiaridades culturais novamente, e as festas juninas voltaram a ter suas características regionais.  O Rio Grande do Sul voltou a fazer festas com características da região sul, ou seja, festas gaúchas e não mais as caipiras de chapéu de palha e camisa xadrez. Em adequação a esta proposta  a Prefeitura Municipal de Guaíba realizará este ano a festa junina com o intuito de contemplar o folclore de algumas regiões brasileiras.

 

 

Autor: Paulo Vila do Prado Amaral – Prof. pesquisador do Museu Carlos Nobre

Revisão: Guilherme Pokorski – Prof. pesquisador do Museu Carlos Nobre

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